As incertezas dos varejistas em relação à demanda dos consumidores têm adiado as encomendas para o Natal, a principal data do comércio. Normalmente, os pedidos já estariam a pleno vapor em setembro, mas os relatos de diferentes segmentos da indústria são de que até agora pouca coisa evoluiu.
Endividamento das famílias, menor expansão do crédito, confiança do consumidor em níveis historicamente baixos e estagnação do comércio desde fevereiro deste ano colocaram os varejistas na defensiva.
“O quadro é de cautela. A maioria dos setores está segurando as encomendas em rédeas curtas”, diz o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Diante do cenário, a Confederação espera avanço de 3% nas vendas durante o Natal (projeção com viés de baixa), o que seria o pior resultado desde 2004. Nessa esteira, a geração de trabalhos temporários (138,7 mil) também deve ser a menor em seis anos, com avanço de 0,8% sobre as vagas criadas em 2013.
Com base nos últimos dados disponíveis da indústria e do varejo, referentes a julho, Bentes calculou que os estoques do comércio ficaram estagnados em relação a igual período de 2013, enquanto as vendas caíram 0,9%.
Mas segmentos importantes tiveram redução intensa nos estoques nesse intervalo, entre eles informática e comunicação (-9,9%) e móveis e eletrodomésticos (-8,1%). No primeiro, o recuo foi até maior do que o ritmo de queda nas vendas. “Esse setor praticamente jogou a toalha”, diz Bentes.
O segmento de vestuário e calçados também diminuiu 2,2% a quantidade de mercadorias nas prateleiras em julho de 2014 em comparação a julho de 2013, enquanto os hiper e supermercados reduziram em 0,1%.
Fonte: Estado de SP